segunda-feira

A eterna procura;

Como poderia ser tão fácil escrever sobre algo que não sentira? Como tal curiosidade pudera produzir textos e palavras tão tocantes? Sabe, melhor que ninguém que gostaria de escrever sobre a dor e a confusão com veracidade única, fugindo desses lugares comuns tantas vezes antes visitados. Como poderia falar de dor se ela nunca lhe assolou? Acreditava ainda que naquele coração cheio de cascalho, e nunca de amor, viesse a se alojar tal sentimento.
E será então, que deseja sentir isto? Ou seu egoísmo não permitiria, lhe mantendo sempre em sua casca, seu umbigo, seu retrato, seu narcisismo? Algum dia encontraria algum alguém que lhe satisfaça... e complete?

Procura assim em cada esquina a garota que olharia e se apaixonaria: becos, salas, cinemas, parques, ônibus... Lá está ela esticando o pescoço à procura do seu alguém.
Quem seria dessa vez? Quem iria enganar, usar, sentir e no fim, esperar o amor lhe tomar conta? A loira, morena, baixa, gorda? Momentos que se perguntaria: 'agora?' e depois imploraria: 'Amor! EXISTA!' e mais tarde ainda, estaria fazendo quase que uma prece:
'Nasça neste coração frio uma flor colorida, floresça-a! Faça-me frangalhos, use-me, crie borboletas em meu estômago, deixe-me planar pela terra de tanta satisfação...! Erga-me tão alto que eu não possa fazer mais nada do que cair...'

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