segunda-feira

Estou com medo de dormir. Minha cabeça dói, eu sei que o sono não virá. Meus olhos estarão abertos mesmo quando eu achar que estão fechados. A escuridão nestas noites é absoluta. Não há dilatação da íris, não há o mínimo de luz que ali estaria. Estou só.

Eu e os meus olhos. Meus dedos, seios, cabelos (estes enroscam nas costas, nas axilas, no travesseiro, no pescoço, que encômodo!), e todo o corpo que permanece acordado, contrário a minha mente desligada de todo o ao redor, focada no pensar. PENSANDO estou. PENSANDO estarei. PENSAREI...

Lembrarei de todos os possíveis que tive, e deles me despreendi. Das desistências que na nossa humanidade são comuns, mas que a todos que não lhe convém, encomoda. Há, o desenho. Há, a poesia. Há, a costura. Há a pintura. Há, a música. Há, o escrever. Há, o falar. Há, o projetar... Há, o calcular...

Passei a ilusão ao Rei, que me depreendo por filosofia. Mas, Há, o desprendimento é só a minha melhor fuga. E dela, já estou fugindo, neste eterno caça ao rato, do gato, do cachorro, do elefante, da girafa, do peixe... Nesta seqüencia improvável que somente o viver no mostra que é verdadeira.

A minha pequena tristeza agora, revela-se iminência de desespero. (imagens)
Boa noite...
Encararei a cama...


Parto de agora a um novo desdobramento. 
Ele é este extremo.


Negando a poética
Abstraindo a ilusão
Refutando a metáfora
Aceitando a dor da verdade.






Ai!

RASCUNHO

Estas frases estão perdidas para sempre. A escrita é por si só, falida. É uma mentira tudo que escrevo. Nada dela desdobram-se: os sentimentos, acontecimentos, dia-a-dia, pensamentos e resoluções. Ah... A ficção...

Como encantam-me estes entre meios das palavras, as metáforas mal feitas e as linhas escancaradas em desdobramentos... Contentamento contemporâneo? Fracasso literário? Ah, Tezza, me diga, o que sou eu? Torno-me o Trapo? Ou faz-me a verdade das suas frases? Mas, então, acabo por aqui.

Mas as linhas... não! Logo dignifico-me em esforços por linhas... Ou seriam expressões? Tenho algo para exprimir? Se estou acabada ali, aqui sou o quê? A psicanálise está me latejando agora, a voz dela... Ela diz: O que seria você? Os seus primeiros atos ou o a sua dita mudança...? AQUELA PERGUNTA QUE PAIRA ATÉ HOJE!

Rascunho inútil todos os pensamentos... Agora que a minha letra cala. Ela não mais significa a raiva, decepção ou felicidade... Ela é. Sozinha, sai dos meus dedos direto para a tela latejante... E ali fica. SOFTWARE. A um passo de ser apagada... A um segundo de exprimir algo, mas ainda, o meio...