quarta-feira

estou a falar irremediavelmente de você,
logo de você que não me bebeu,
não me comeu, nem sequer me tocou,
e se bem lembro,
arrastou-se ao meu lado
louco para me devorar
mas foi embora.

eu não gosto de você
nem sei quem você é.
vejo que atravessas a rua na minha presença,
dizem que é melhor assim.

Não tenho medo de ti
você, que ataca a todos,
a mim esquece.
Faz-me toda noite pensar nas dores que causas
nas felicidades que plantas

sou ossos e orgãos
e você pode ser o sangue
a mente, o arrepio,
e por enquanto
continuo sendo concreta